Eu tenho um chamado?!
- Bruna Casagrande.
- 8 de jun. de 2017
- 4 min de leitura

Eu tenho um chamado?!
Por muito tempo fomos ensinados, de forma equivocada a respeito do que é ser "chamado por Deus".
Se alguém tinha uma voz bonita para cantar, uma boa desenvoltura ao se comunicar com o público, recebiam a atenção e a opinião de outras pessoas que diziam: "você tem um chamado!", "Deus te escolheu!". Confesso que me senti vítima desse "costume" das pessoas dizerem que alguém era chamado, por que tinha um "dom especial".
Comecei a olhar para mim (e entenda que esse momento aconteceu na minha adolescência) e fiquei triste, porque eu não tinha uma voz bonita para ser cantora (embora eu ame cantar), eu não sabia tocar nenhum instrumento (e apesar da vontade de tocar violão, até hoje sei muito pouco), era tímida, não tinha facilidade para me comunicar com conhecidos, muito menos com desconhecidos (hoje estou um pouco melhor, mas nem tanto). Eu pensei: "Pronto, acabou minhas chances de ser uma chamada". Eu não tinha nada de especial, de diferente, ou de extraordinário. Eu era comum.
Sofri por muito tempo perguntando a Deus, o que eu deveria fazer para Ele. Demorou, mas eu descobri que o que Ele queria não era o meu serviço, mas o meu viver para o louvor da glória dEle. Eu descobri que mesmo sem ter um instrumento em minhas mãos, ou uma voz linda e afinada, eu podia tocar e cantar uma canção para Deus com a minha vida. Minhas atitudes glorificam mais a Ele do que canções que eu pronuncio com meus lábios.
O serviço deixou de ser relevante? De maneira nenhuma! Hoje entendo que o fazer é o resultado de ser quem eu sou, e não produto para ser quem eu deveria ser.
Fazer como filho te traz prazer. Não faço mais porque quero ou espero receber algo em troca, mas porque quero agradá-lo obedecendo a sua ordem. Não porque sou obrigada, mas porque amo os seus mandamentos.
O que entendo por chamado hoje?
Chamado não é um privilégio para poucos, para os prodígios, para os especiais, para os super-humanos. Chamado é a voz de Deus, chamando toda a criatura que possui fôlego de vida, a ser adotado como filho, entendendo e aceitando o sacrifício do Unigênito, que se entregou como oferta pelo pecado, para nos resgatar da morte a qual estávamos condenados, e nos proporcionar a vida. Chamado não tem a ver com o que Deus fará na minha vida, mas tem a ver com a resposta que eu darei a Ele, pelo que Ele fez por mim, para que eu tivesse vida. Não tem a ver com o que Ele fará na minha história, mas tem a ver com o que eu vou fazer para que a história dEle se cumpra através de mim.
Chamado é ser médico, passando dias ou noites dentro de um hospital cuidando dos doentes, trazendo esperança de recuperação através da sabedoria da medicina.
Chamado é ser professor, ensinando em uma sala de aula para alunos que ainda estão aprendendo o que para muitos já se faz muito bem conhecido.
Chamado é você ser do Corpo de Bombeiros, trabalhando no resgate de vidas que precisam de socorro.
É ser administrador de uma empresa, fazendo o que você sabe fazer de melhor, organizando uma estrutura para que funcione bem e cresça.
É ser um advogado e defender quem precisa de um auxílio para resolver uma situação judicial. Chamado é ser uma costureira, que o fruto do seu trabalho é vestir muitas pessoas. É ser um sapateiro, produzindo sapatos para muitos pés irem onde precisam.
No livro Jesus Copy, do Pastor Douglas Gonçalves, ele fala a respeito de como descobrir para o que eu fui chamada. "Ele tem dois filhos, e supõe que enviará cada um a um lugar. A Luiza irá ao Alasca e o Davi irá para o Rio de Janeiro. Ele prepara as mochilas dos dois de acordo com o destino de cada um. Para a Luiza ele coloca meias, botas, casacos, luvas e toucas. Já para o Davi ele coloca em sua mochila, sunga, chinelo, e protetor solar".
Pois é, o Pai nos enviou a um destino, mas antes de nos enviar ele preparou uma mochila com o que precisaríamos. Olhe em sua "mochila", veja o que o Pai colocou ai dentro e descubra qual é o seu papel, o seu chamado ou sua missão.
Eu gosto de fazer várias coisas, e não sabia ao que me dedicar mais, então percebi que o que eu mais deveria me dedicar, é ao que eu mais amo fazer, e para descobrir qual era meu preferido, eu analisei o que é que eu faço sem pensar, o que é que eu faço, que toma horas do meu tempo e eu nem percebo porque eu amo tanto que o tempo voa quando faço isso, o que eu faço voluntariamente, sem que ninguém precise me lembrar de fazer? E descobri que o que eu mais amo, que com certeza foi a primeira coisa que o Pai colocou em minha mochila, é escrever. Eu amo! Faço sem pensar. Escrevo com canetas, escrevo em pensamentos, escrevo com os dedos invisivelmente.
Enfim, me encontrei quando parei de procurar lá fora, o que Deus havia guardado aqui dentro de mim. Se escrever é quem eu sou, se escrever é o meu chamado, que eu escreva para propagar o nome dEle, que eu escreva para falar com Ele, que eu escreva para o louvor da sua glória.
E agora, você já sabe qual é o seu chamado?
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